– “Calma… não erre agora, você já está quase lá…”
Era o que eu ficava repetindo na minha cabeça quando ainda estava na mesa semifinal do torneio Daily 500 do dia 26 de novembro da última etapa do BSOP (Brazilian Series of Poker).
Com o canto dos olhos reparei nos troféus de 1°, 2° e 3° colocados que estavam ali na mesa ao lado e respirei profundamente. “Estou perto”. Olhei para o meu stack e vi que eu ainda tinha 10 big blinds. A dinâmica da mesa e a estrutura turbo era algo que eu já havia vivenciado muitas vezes nos clubes de poker da minha cidade, então não tinha porque me desesperar: eu sabia o que fazer. “Calma, paciência, muitos ainda vão cair antes de você”.
Por um breve momento lamentei: “porque paguei aquele all-in de 5bb na blind war com Q7o? Eu ia estar bem mais confortável agora”. É… nessas horas que vejo que eu ainda tenho muito espaço para melhorar como jogador. Porém, não adianta nada ficar preso nesse tipo de pensamento… “Aprendeu a lição? Ok, agora siga em frente!”.
Fui dar aquela espiada na outra mesa que restava e reconheci o jogador profissional Elias Neto. O homem estava on fire e tinha um enorme castelo de fichas à sua frente. Dessa forma, não demorou muito para o diretor do torneio pegar a eliminação de um jogador na 10ª posição e anunciar: “Parabéns, jogadores, vocês estão na mesa final”.
Uma mistura de relaxamento com alta dose de adrenalina, um sentimento de satisfação pelo conquistado com uma vontade de querer ir ainda mais longe… é difícil de explicar. Mas, no fundo, são por sensações como essas que nós enfrentamos as mais difíceis batalhas jogando poker.
A imprensa foi chamada para tirar a foto oficial e, dessa vez, eu estava do outro lado.
Quando a ação retornou, analisei os stacks dos adversários. O Elias estava bem acima da média e, mão após mão, pressionou todos aqueles que estavam em busca dos saltos da premiação a cada jogador eliminado.
Depois de 2 quedas, recebi um JJ e fui all in. O jogador logo ao meu lado também colocou todas suas fichas à frente. O restante da mesa foldou e mostramos nossas cartas: JJ x JJ. “Menos mal… empatar é melhor que perder”.
Logo depois o mesmo jogador foi all-in com 77 e acabou sendo eliminado em 7° – irônico, não? – pelo Elias que tinha ATo. Agora eu era o último em fichas com apenas 3 blinds.
Em busca da ação mais lucrativa, fui all in com “sólidos” 69o, uma vez que na mão seguinte eu seria o big blind e comprometeria quase todo o meu stack pagando o big blind e o big blind ante. Encontrei novamente um JJ pela frente e fim da linha para mim.
Acabei não levando troféu, mas ganhei uma ficha comemorativa da edição do BSOP Millions, além de uma boa premiação em dinheiro. E, claro, ganhei também a experiência única de ter chegado em uma mesa final de um torneio da maior etapa da história do campeonato brasileiro de poker.
E aquele sonho de um dia poder seu eu a pessoa ali entre os primeiros, levantando um grande troféu, ou quem sabe até mesmo vencendo um Main Event de BSOP, que era totalmente vago e nebuloso, hoje tem muito mais força para se tornar real.
Basta eu continuar me colocando em situações onde isso é possível e me preparar ainda mais para saber o que fazer quando essa hora chegar.
GL para nós!
E aí… Gostou do texto? Vou deixar aqui o link da matéria do SuperPoker sobre esse torneio que acabou com o Elias sendo o grande campeão. Nela ele conta sobre a sua trajetória e traz o mindset do jogador que tinha acabado de ficar em vice em um torneio high roller da edição.
>>> Elias Neto mostra persistência e vence Daily 500 do BSOP Millions
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